segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O Ensino da História da África

              A obrigatoriedade do ensino da História da África nas redes de ensino no Brasil confronta o universo docente brasileiro com o desafio de disseminar, para o conjunto da sua população, num curto espaço de tempo, uma grama de conhecimentos sobre os povos, as culturas e as civilizações do continente africano antes, durante e depois da grande tragédia do tráfico negreiro.
               No contexto da História geral da humanidade, a África apresenta, em planos diversos, um conjunto impressionante de singularidades que remetem a interpretações conflituosas e, muitas vezes, contraditórias. É provável que nenhuma das regiões habitadas do planeta apresente uma problemática da abordagem histórica tão complexa quanto a África, e isso se deve a muitos fatores: A sua extensão territorial, apresentando uma grande variedade climática; uma topografia extremamente variada; a existência e interação de mais de 2 mil povos com diferentes modos de organização socioeconômica e de expressão tecnológica e a mais longa ocupação humana de que se tem conhecimento e, consequentemente, uma maior complexidade dos fluxos e refluxos migratórios populacionais.
               A singularidade do continente africano, que teve a maior repercussão negativa sobre o seu destino, determinando o que é a África de hoje, foi a de ter sido o primeiro e único lugar do planeta onde seres humanos foram submetidos às experiências sistemáticas de escravidão racial e de tráfico humano transoceânico em grande escala.
               Diversas e complexas estruturas socioeconômicos, chamadas de modos de produção ou formações sociais, marcaram a vida social dos diferentes povos africanos através dos tempos. Por diversas razões - as quais nem todas nos são conhecidas - , essas sociedades se encontram hoje em diferentes situações de adaptação socioeconômica e tecnológica.
               É nessa fase das preocupações que surge a difícil e problemática questão do lugar que ocuparam, desde a alta Antiguidade egípcio-núbia até o século XIX, as estruturas servis de exploração socioeconômica, tais como as formas diferentes de trabalho escravo, seja para a produção de serviços, seja para a produção de mercadorias de uso ou de exploração, seja como “mercadoria de câmbio” para o comércio exterior ou intracomunitário.  
               Apesar da enorme produção analítica sobre a escravidão no mundo inteiro, não se chegou, até hoje, a uma teoria geral sobre a escravidão que seja suficientemente abrangente e flexível para permitir o desmembramento tipológico desse sistema particular de trabalho opressor, atendendo às especificidades de épocas e das sociedades. A África, no seu percurso de estruturação de diferentes formas de relações sociais, conheceu diversos modelos de relações de trabalho e de produção baseados no trabalho servil escravo.
               A escravização de um ser humano por outro ser humano, seja qual for a razão ou a ocupação à qual estaria destinada tal força de trabalho, é sempre uma das expressões mais cruéis da dominação na história da humanidade. Certamente, essa forma de exploração, que arranca do ser humano o direito à sua dignidade inata, é odiosa e condenável sem apelo.
               A escravatura existente na África, principalmente nos períodos pré-islâmico e pré-colonial, continua a desafiar as tentativas de tipologização, sendo motivo das mais divergentes e contraditórias análises. (MEILLASSOUX, 1975; BARRY, 1985; CISSOKO, 1975). 
               Quando os africanos vieram para cá, não sabíamos da sua grande importância e contribuição para todos os setores da economia, da cultura, da religião, das artes, da política e tantos outros. O continente africano é intensamente ligado à cultura brasileira, até porque recebemos mais de cinco milhões de negros africanos foram recebidos por nós brasileiros.
               A influência do negro foi automaticamente se implantando e sendo incorporada no nosso dia-a-dia, contribuindo para alguns setores como: Religião: candomblé usam para adorar seus orixás as expressões corporais, a dança, os tambores, batuques, atabaques, adornos, sacrifícios de animais ao som de cânticos; Capoeira: durante a escravidão era utilizada como forma defensiva, já que não tinham acesso a armas; Culinária: acrescentou aos costumes indígenas e aos produtos naturais da terra o leite de coco, óleo de palmeira, azeite de dendê, a pimenta e até a feijoada feita a partir dos restos do boi ou do porco.  
               Nas fazendas brasileiras, apesar da maioria executar o trabalho braçal nas lavoural, sendo os únicos trabalhadores a movimentar toda a economia, alguns deles executavam trabalhos domésticos, serviam como reprodutores e até amas de leite. As mulheres raramente se casavam com coronéis, e acabavam influenciando nas decisões políticas dos vilarejos.
               Os quilombos na sua maioria eram auto-suficientes, produzindo a agricultura de subsistência, tecidos, utensílios de barro, remédios naturais. Era importante para o colonizadores, divulgar que os africanos não possuíam almas, sendo assim também não possuiriam hábitos, costumes e cultura. Quem não possui cultura, não possui história consequentemente não existe, facilitando muito sua escravização. Se este fato cruel não houvesse ocorrido com certeza seríamos uma nação muita mais rica e avançada em todos os sentidos.
               A importância do curso de pedagogia para minha formação cidadã principia-se nas discussões a respeito de cidadania propostas em aula, passando pelas disciplinas eletivas, as quais apresentam este objetivo. Porém as discussões temáticas relacionadas a termos e temas específicos e teóricos do curso também apresentam sua participação em minha formação cidadã, uma vez que, quando falamos em cidadania, falamos em sociologia, e o estudo da sociedade, bem como sua construção tem início nas primeiras idades de vida das pessoas e é disto, de maneira geral que o curso trata.

Tamiris Cezarani

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Editorial

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Falando em Educação foi criado como um trabalho interdisciplinar do curso de Pedagogia da UMESP, com a utilização das novas tecnologias(o que já é uma forma de Inclusão Digital!) para compartilhar textos,informações,resumos, resenhas, charges,videos e opniões sobre a Inclusão Social para estabelecermos relações entre a Pedagogia(educação) e a prática de inclusão social.